Estação de Transbordo recebe 350 toneladas de resíduos por dia

Referência para outras cidades do estado e do país, estrutura é peça essencial no sistema de destinação final de resíduos em Pelotas. Cerca de R$ 750 mil são investidos pelo Sanep por mês

15/07/2020 | 11:07:48


Trezentas e cinquenta toneladas. Esta é a média de resíduos sólidos urbanos gerados diariamente pela população de Pelotas atualmente. O que começa dentro de cada uma das residências do município, com o descarte de embalagens, restos de alimentos e demais produtos – preferencialmente, separados em orgânicos e recicláveis – não termina no momento em que os coletores fazem o seu recolhimento. Na verdade, este é apenas o início de um grande sistema de destinação final de resíduos na cidade.

Peça fundamental nesta estrutura é a Estação de Transbordo de Pelotas, a ETP, inaugurada em junho de 2012 pelo Sanep – data marcada também pelo encerramento das atividades do Aterro Controlado, para aonde, até então, eram enviados os resíduos sólidos urbanos. Com terreno de cinco hectares, na zona norte do município, e 1,2 mil m² de área construída, a estação funciona 24 horas por dia e possui vários circuitos de segurança operacional e ambiental, afinal, tudo que é feito no local é em grande escala e proporção. Exemplo disso é a sua capacidade diária de operação: 500 toneladas.

Com terreno de cinco hectares, na zona norte do município, e 1,2 mil m² de área construída, a estação funciona 24 horas por dia - Vídeo: Angélica Mengue

O caminho percorrido pelo lixo dentro do local é sistemático e organizado de forma que os resíduos fiquem poucas horas ali, até serem encaminhados ao seu próximo destino: o Aterro Sanitário Metade Sul, em Candiota, a 150 quilômetros de Pelotas. O roteiro começa pelo sistema de recepção, cujo fluxo corresponde à entrada de 70 caminhões por dia. Depois, vem a pesagem, a descarga em plataforma superior, o carregamento dos veículos de transporte, o enlonamento do compartimento de carga dos caminhões e o processo de expedição. 

Estrutura é modelo para outras cidades

A complexidade de cada etapa exige maquinário e operações específicas, como análise de águas subterrâneas através de piezômetros (equipamento que mede pressões estáticas e compressibilidade dos líquidos), coleta de chorume, plataformas impermeabilizadas, balança rodoviária digital, com capacidade de pesagem de até 100 toneladas, e rastreamento de veículos via GPS. 

Toda esta estrutura e cuidado diário, há quase oito anos, fez com que o transbordo de Pelotas se tornasse referência em sua área de atuação, conta o coordenador do Departamento de Resíduos Sólidos do Sanep, Edson Plá Monterosso. 

“A estação é frequentemente visitada por outras prefeituras do estado e do país e sempre vira motivo de reconhecimento por todos que a conhecem. Temos muito orgulho disso”, afirma. 

Para manter todo o sistema de destinação final – que inclui o trabalho na ETP, o transporte dos resíduos para Candiota e a sua disposição final na cidade da região da Campanha – o Sanep investe aproximadamente R$ 750 mil por mês, cerca de R$ 9 milhões por ano.

Arte: Camila Soares

Licenciada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler, a Fepam, (órgão responsável pelo licenciamento ambiental do governo estadual), a estação também recebe lixo sólido urbano, como varrição e lixões. O que não acontece com resíduos da construção civil, das indústrias e dos serviços de saúde, que não chegam ao transbordo. 

Trabalho em época de pandemia

Diariamente, os 33 funcionários que atuam no transbordo – oito do Sanep e 25 da Meioeste Ambiental (empresa contratada por processo licitatório, em 2018) – têm suas temperaturas verificadas, evitando que ingressem no transbordo com febre, um dos sintomas da Covid-19. Além dos equipamentos de proteção individual disponibilizados às equipes, a limpeza e desinfecção do local foi intensificada depois do início da pandemia. O coordenador do departamento salienta que a plataforma de descarga precisa estar vazia e limpa, com produtos específicos, após cada jornada de trabalho.

Conheça o caminho dos resíduos dentro do transbordo

1. Chegada, pesagem e descarregamento

Todos os caminhões que chegam são identificados através da placa, horário, empresa, motorista e tipo de resíduo que transportam. Depois da pesagem, os veículos descarregam em uma plataforma superior, impermeabilizada, com telas de proteção lateral, cobertura completa e capacidade para o descarregamento de dois caminhões ao mesmo tempo. Ela também possui calhas nas extremidades que servem como dispositivos de segurança na possível presença de chorume. O líquido gerado neste processo é levado até um reservatório, de onde é retirado e transportado à estação de tratamento de efluentes, em Candiota.

2. Carregamento dos veículos

Nesta etapa, os resíduos dispostos na plataforma são carregados por retroescavadeiras até os 12 veículos de transporte – caminhões com maior capacidade de carga – que vão levá-los até o aterro de Candiota. O serviço é feito 24 horas por dia. 

'Linha vida' garante segurança aos funcionários na tarefa de cobrir os veículos - Foto: Angélica Mengue

3. Enlonamento

Apesar de aparentar ser uma fase simples do processo, a tarefa obrigatória de cobrir os veículos com lona ou tela é arriscada e demanda bastante cuidado. Para isso, a estação de Pelotas construiu uma estrutura denominada de linha vida – dispositivo de segurança presente em poucos transbordos. Com ele, o funcionário realiza a atividade preso a diversos cabos que possibilitam a execução da atividade com total segurança.

4. Expedição

A última etapa consiste no sistema de expedição, onde os veículos de transporte são novamente pesados. Depois de emitidos os tickets de controle e pesagens, e iniciada a viagem rumo a Candiota, inicia-se o monitoramento de todos os caminhões, via GPS.

Arte: Camila Soares

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