Em um meio predominantemente masculino, equipe feminina de coletoras faz sucesso junto à população
08/03/2019 | 08:03:02
Ao convidar a população a imaginar uma equipe da coleta de resíduos, dificilmente a imagem que virá à mente estará vinculada à figura feminina. E os números fortalecem a tese. Dos 146 funcionários da Urban, empresa terceirizada a serviço do Sanep e responsável por executar o serviço de coleta no Município, 141 são homens. Mas em um meio de predomínio masculino, há uma equipe de mulheres na coleta conteinerizada que acumula cada vez mais admiradores e histórias para contar.
A equipe feminina de coletoras atua há cerca de dois anos. Atualmente realiza o itinerário nas regiões do Pestano, Lindóia e Guabiroba. A rotina de trabalho é desgastante, mas elas garantem que não intimida. Faça chuva ou faça sol, frio ou calor, as funcionárias estarão nas ruas, das 12h às 17h, trabalhando para manter a cidade limpa e organizada, com competência e um sorriso no rosto.
“Faço isso (limpeza das ruas) com muito gosto. Gosto de limpar, gosto do meu serviço. Tenho orgulho”, afirma a coletora Fernanda Bilhalva.
Aos 38 anos, Fernanda exerce a função há oito meses. Com entusiasmo e lucidez, entende a importância da coleta para o Município. Aprecia, também, a interação com a população. Segundo ela, a valorização do serviço por parte dos moradores motiva-a, ainda mais, a encarar a jornada de trabalho de forma agradável.
A contribuição da equipe com as pessoas vai além do serviço prestado. Para Paula Morais, coletora há cerca de três meses, o lado humano é um incentivo a mais para exercer a profissão. Ela celebra o espaço conquistado pelas mulheres, também neste meio, vê-se cada vez mais valorizada pela população e conta, orgulhosa, sobre o carinho recebido, principalmente das crianças.
“Ali no setor da Guabiroba, há dois gêmeos que chegam a esperar a gente para tirar foto com eles. A avó deles disse que vão fazer uma homenagem para nós na foto. [...] A gente já gosta de trabalhar, isso nos dá um incentivo a mais”, explica.
Outro momento especial na rotina das coletoras ocorre no setor da Cohab Lindóia. E ele também envolve o terno retorno dos pequenos à equipe que executa o trabalho no local.
“Quase todos os dias que a gente chega no (setor) Lindóia vem um menino que nos recebe com toda a alegria. Nos abraça, diz que está com saudade. Sempre feliz! Em dias que a gente chega e ele não está, até estranhamos. Perguntamos: cadê ele?!”, conta Fernanda, com um sorriso que traduz a alegria de vivenciar estes bons momentos no serviço.
Os contêineres implantados em diversos pontos da cidade servem para descarte apenas do lixo orgânico. Para o sistema funcionar de maneira adequada é necessária a cooperação da população. Paula relata que, em diversas oportunidades, é preciso arredar os entulhos de construção ou até mesmo móveis que são colocados, indevidamente, no entorno ou dentro do contêiner.
“É importante fazer o descarte correto para deixar o próprio setor mais organizado e limpo. A gente chega, “bate” o contêiner, retira o lixo (orgânico). E, não havendo esse tipo de material, fica mais bonito, né? A rua fica mais organizada”, avalia.
A representatividade feminina na coleta em Pelotas, em número, ainda é baixa. São quatro coletoras e uma motorista em um ambiente em que homens são ampla maioria. Mas elas asseguram que jamais foram alvos de preconceito no trabalho. “Nunca sofremos nenhum preconceito. Sempre fomos muito bem tratadas. Somos bem recepcionadas, seja por crianças, homens ou mulheres”, comemora Fernanda. Ela garante que pretende seguir na função “por muito tempo”, reiterando o prazer e o orgulho de exercer uma função importantíssima para o Município.