Na semana de conscientização sobre a condição genética, coletores proporcionam experiência inesquecível para Gabriel
30/03/2021 | 10:03:42
Quando se reserva tempo para pensar nos exemplos de demonstrações de felicidade mais puras, logo vem à mente a imagem do sorriso de uma criança. Pensando em proporcionar essa alegria genuína, o Sanep realizou, na última semana, ação em parceria com a Associação de Pais de Down de Pelotas (Apadpel), possibilitando ao Gabriel, 9 anos – que apresenta a condição genética também chamada de Trissomia 21 (T21) – um dia memorável, ao promover o encontro do menino com a equipe da coleta de resíduos.
O barulho do caminhão, a correria dos coletores e a intensidade do trabalho. Tudo o que envolve a rotina do recolhimento do lixo encanta o Gabriel e o faz aguardar ansiosamente, de forma rotineira, a passagem do veículo no portão de casa. Com o tempo, o pequeno estreitou a relação com o grupo do Sanep, responsável pelo serviço em Pelotas, cumprimentando e se despedindo dos funcionários na rápida passagem deles pela sua rua para recolher os resíduos.
Em uma dessas oportunidades, a presidente da Apadpel e mãe do Gabriel, Luana Braga, 39, registrou toda a interação do menino com os coletores em vídeo e publicou nas redes sociais. A repercussão positiva aliada a uma outra ação social recente envolvendo a equipe da coleta incentivou a amiga e companheira da Associação, Cátia Vieira, 51, a enviar o vídeo à autarquia, na esperança de que algo semelhante fosse realizado com o Gabriel.
Alegria gravada na memória
Surgiu, então, a ideia de aproveitar a Semana de Conscientização e Orientação sobre Síndrome de Down de Pelotas, que foi de 21 a 28 deste mês, organizada pela Associação, para proporcionar um dia inesquecível ao Gabriel e à Luana. Os “velhos” – como o menino chama, carinhosamente, os coletores – reservaram um momento para proporcionar alegria ao pequeno, com direito à viagem na cabine do caminhão, uniforme completo e miniatura do veículo de presente, além de diversos “sorrisos com os olhos”, que nem mesmo as máscaras de prevenção ao coronavírus conseguiram esconder.
Os momentos de carinho e euforia vivenciados na terça-feira (23) ficarão registrados para sempre na memória, garante Luana. “É uma ação muito importante. Essa inclusão é extremamente necessária”, assinala, acrescentando a relevância de colocar o tema em alta na semana em que, no último dia 21, foi celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down.
Para a equipe de coletores, demais protagonistas da ação, foi difícil conter a emoção. Jorge Machado, que há 15 anos se empenha, com orgulho, à limpeza da cidade, conta que são em horas como esta que é possível ir além da atividade profissional e receber energia para trabalhar no dia a dia. “É um momento que para sempre vamos lembrar. Esse carinho que as crianças têm conosco recompensa todo um dia árduo de trabalho”, pontua.
Experiência enriquecedora
A oportunidade de conhecer o caminhão da coleta e de vestir o uniforme, tal qual a equipe, gera sentimento de pertencimento por parte do Gabriel. A psicóloga Patrícia Viana, 52, explica que se trata da materialização de algo que ele já gostava apenas pela impressão que tinha de fora. “A iniciativa tornou isso mais real para o Gabriel. Proporcionou a ele fazer parte de algo que ele gosta muito”, avaliou.
Ela destaca que é fundamental a compreensão de que a Síndrome de Down não é uma doença, mas uma condição genética que traz com ela algumas limitações, além da alteração na aparência. Nesse sentido, ações que promovem a inclusão social, como a realizada pelo Sanep e a Apadpel, são fundamentais, também, para desconstruir paradigmas e provocar reflexão sobre a temática.